quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

INGC - COMIDA POR TRABALHO

Acabou comida de borla

O regresso da comida por trabalho
“Assistência alimentar passa a ser através de «comida por trabalho», … todas as famílias evacuadas para os centros de reassentamento devem receber alimentos mediante o trabalho …diz Paulo Zucula, DG do INGC” http://www.canalmoz.com/default.jsp?file=ver_artigo&nivel=1&id=6&idRec=3274

Face a estas palavras que mais uma vez sentenciam irmãos e irmãs nossas a pobreza perpetua e tendo em atenção o mínimo de senso humano que padece em mim, não posso deixar de, convosco e fazendo uso deste espaço, por sinal, destinado a compartilhar, o bom, o mau e o triste, o alegre, entre outros, fazer eco da angustia que me fustiga.

São homens e mulheres filhos da nação, que arduamente noite e dia, sempre soaram, embora nas catacumbas esquecidos pelo tempo, devido a carências herdadas do sistema, viemente empenhavam em seus trocos, vestes ilustrando quer a presença da maçaroca quer a da perdiz, numa rivalidade silenciosa que os mantinha unidos ate ontem na concretização dos objectivos do estado - nação.

E hoje, como melhor presente aos sucessivos anos de luta contra o esquecimento e contra a pobreza, é-lhes dito “comida por trabalho”, será por pouco ou mal dançarem a marrabenta, que vêem-se obrigados, poucos dias após, tudo perderem pela força das aguas que por culpa dos impunes da barragem que sem trabalhar ganham rios de dinheiro, que não são capazes de controlar o nível das aguas e gradualmente reduzi-las por forma a minimizar situações do género, a que lhes é, por sinal, atribuída culpa, ilibando quer a entidade gestora da hidroeléctrica quer as entidades administrativas locais.

Srº Paulo Zucula, o mundo mudou, Moçambique não se deixou a margem, integra a aldeia global que hoje faz e complementa a dita aldeia global, pela vontade e força dos mais liberais as leis magnas da republica levam a nação a vincular-se de protocolos por vossas excelência rubricados e ratificados, o que nos leva a questionar sobre vossas atitudes.

Eis que pergunto, sob que critérios? Será de facto o pagamento do trabalho por comida, um processo justo? Atenção que o próprio acto já é injusto!
Srº Zucula, o INGC, lida com seres humanos e o ser humano, está na terra para levar uma vida digna, para ser feliz e livre – devendo para isso ter dinheiro que lhe permite uma vida de plenitude, felicidade e prosperidade pois a pobreza não é uma virtude, é um mal, uma doença que deve ser erradicada da face da terra. Cada um de nós está na terra para crescer, para se desenvolver e expressar tanto no campo espiritual como no mental e material, tem o direito de aperfeiçoar e expressar em todos campos – o salário é condição primordial, porque somos forçados a nos satisfazer com o mínimo, humanamente aceitável – reconheça a verdadeira identidade do dinheiro: um simples símbolo de trocas é verdade que ao longo dos séculos a moeda de troca tomou múltiplas formas, sal, tecidos, especiarias, homens. Em tempos recuados a riqueza de um homem era sim, avaliada pelo número de cabras, de ovelhas, de bois que ele possuía e hoje por sua vontade estes homens e mulheres, abandonam os cheques, abandonam o dinheiro pela comida no prato, por força da vossa vontade obscena.

O ouro em determinadas circunstancias transforma-se em mercúrio – o homem nem só de pão vive - em que circunstancias transformar-se-á essa comida no prato em dinheiro?

Porque não lutar pela edificação de uma sociedade de justiça social e a criação do bem-estar material, espiritual e de qualidade de vida dos cidadãos, sempre no respeito e garantia dos direitos e liberdades fundamentais do homem.
Cada cidadão tem direito a livre escolha da profissão – terão estes homens oportunidade de escolha? Não…não! Ser-lhes-á imposta a vossa vontade e forçados a submeter-se. Mas, acredito eu, ser o trabalho compulsivo proibido, com excepção do trabalho realizado no quadro da legislação penal – não estarão, estes homens e mulheres condenados ao direito de uma remuneração Injusta?

No entanto, atendendo ao facto de que a política económica do Estado moçambicano é dirigida à construção das bases fundamentais do desenvolvimento; à melhoria das condições de vida do povo, que melhores e que bases podemos contar com elas, se pelo contrario, assiste-se aqui a uma clara e definida politica de exclusão que certamente, igual em anos transactos que, esta politica, levou a perda de liberdade e a uma forte dependência da comida no prato para a sobrevivência destes seres que se vêem perdendo os mínimos éticos, para uma vida digna

Tributo a todas as famílias vitimas das cheias e das Injustiças do poder.

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