sábado, 31 de maio de 2008

carta dos

Direitos das Crianças a Brincar
Eduardo Sá in Porto editora

1.As crianças têm direito a brincar todos os dias.

Na escola, entre as aulas e ao longo delas (sempre que o professor for capaz de pôr «brincar» a rimar «aprender»). Em casa e ao ar livre - no quarto como num parque – sob o olhar, discreto, dos seus pais.
Brincar só ao fim – de - semana: é pôr uma agenda no lugar do coração.

2.As crianças têm direito a exigir o brincar como o principal de todos os deveres.

As crianças têm o direito a defender a primazia do brincar sobre todas as tarefas.
A fórmula «primeiro, fazes os deveres, e depois brincas», tão do agrado dos pais, é proibida!
Só depois do brincar vem o trabalho.

3.As crianças têm o direito a unir brincar com aprender.

Brincar é o “aparelho digestivo” do pensamento.
Liga o que se sente com aquilo que se aprende.
Quem não brinca, falseia, ou finge.
Mas zanga-se, sem redenção, com o aprender!

4.As crianças têm o direito a não saber brincar.

Brincar é uma sabedoria que nunca se detém:
Inventa-se, descobre-se, deslinda-se, ou desvenda-se. Brincar é confiar:
No desconhecido, no que se brinca e com quem se brinca.
Crianças sossegadinhas são brinquedos à espera dos pais para brincar.

5.As crianças têm o direito a descobrir que os melhores brinquedos são os pais.

Apesar disso, têm direito a requisitar tudo o que entendam para brincar.
Têm direito a brincar com as almofadas, com caixas de cartão, com os dedos e com o que entendam, por mais que não sejam objectos convencionados para brincar.
Tudo aquilo que não serve para brincar não presta para descobrir e com brinquedos a mais brinca-se de menos.

6.As crianças têm direito a desarrumar todos os brinquedos

(e a arruma-los, de seguida, com um toque… pessoal).
Tem direito a desmanchar os que forem mais misteriosos, os mais rezingões ou, até, os divertidos. Quando brincam, têm direito a ter a vista na ponta dos dedos, a cheirar, a sentir, a falar, a rir ou a chorar.
Não há, por isso, brinquedos maus!
A não ser aqueles que servem para afastar as pessoas com quem se pode brincar.

7.As crianças têm direito a brincar para sempre.

A infância nunca morre: apenas adormece.
E quem, crescimento fora, se desencontra do brincar, não perceberá, jamais,
Que não há crianças se não houver brincar.

Eduardo Sá in Porto Editora

1 comentário:

Memórias disse...

Era urgente que todos os pais tivessem acesso a ler estes mandamentos.
Um bem haja ao Dr. Eduardo Sá